sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ser estudante longe de casa…


Eu sempre soube que não seria fácil viver fora de Cabo Verde deixando para trás a minha família, a base do que sou, os meus amigos. Enfim, seria um romper do convívio com as minhas raízes e as minhas referências para enfrentar um novo mundo, novas gentes com uma cultura diferente. Hoje vejo que estava certo quando pensava que não seria fácil ultrapassar os muitos obstáculos que iriam surgir nessa jornada longe da minha gente, da minha terra, mas que era possível com muita determinação e muito atingir os objectivos a que me iria propor. Devo esse meu acreditar que é possível atingir nossos objectivos à minha mãe que me ensinou que se sonharmos/projectarmos, com muito trabalho alcançamos os nossos objectivos.
Mas, na verdade, se por um lado quando estamos fora do nosso país nos acompanha uma eterna saudade de casa e até sentimos a falta dos cheiros da nossa terra, por outro lado é uma experiência fantástica travar trocas com outras pessoas proporcionando-nos um crescimento pessoal e profissional de um nível superior. O amadurecimento torna-se inevitável, pois és como que obrigado a aprender a viver com a diversidade cultural, algo que só é possível se conseguires praticar a alteridade tornando-te deste modo num sujeito tolerante e desenvolvendo uma visão não quadrada sobre o mundo e os seus acontecimentos sociais, culturais, …
A alteridade surge com naturalidade, uma vez que quando se dá o início do processo de conhecimento de novas gentes e consequentemente novas culturas ficamos munidos de um conhecimento que nos permite compreender melhor as atitudes do outro, pois estamos aptos para nos colocar no lugar do outro e ver as coisas segundo a sua perspectiva.
Eu tive o grande prazer de viver numa residência universitária, durante 6 anos, onde se cruzam pessoas de todos os cantos do mundo e foi uma experiência maravilhosa construir tantas amizades que vão ficar para a vida toda, estas pessoas fazem parte de mim assim como faço parte delas. Eu sou um pouco delas e elas um pouco de mim, Tantas foram as lições de solidariedade que tive! O mais surpreendente é que não importa de onde viemos o que queremos acaba por ser sempre o mesmo, embora os caminhos a percorrer possam vir a não serem necessariamente similares, ser feliz e ver a nossa família feliz.
A todos peço juntem algum dinheiro e viagem porque viajar permite conhecer que por sua vez nos permite crescer e experimentar emoções que fazem a nossa alma arrepiar de tanta paz, felicidade, …, enfim tantas emoções inexplicáveis podes viver basta quereres!

1 comentário:

  1. Tem um ditado iídiche que retrata bem a minha concepção de maternidade, sem intenção de provocar nenhuma fé ou credo de outrem: "Deus não podia estar em todos os lugares, então criou as mães", o amor mais parecido com o de Deus, é o materno, porque é incondicional! Em tempo: muitas mulheres Têm filhos, mas a nem todas podemos chamar de mãe. Entretanto têm outras que a simples menção da lembrança delas, nosso coração transborda de todos os melhores e maiores sentimentos, sua mãe é uma dessas grandes mães e mulheres! Um ser humano admirável, advém desse conhecimento, uma forte convicção de que apesar de dificuldades, alcançarás todos os seus objetivos. És um grande cara, e sabemos os porquês. Todos os elementos te são constitutivos: o DNA, o ambiente em que fostes educado, o convívio com todos em Cabo Verde, as dificuldades, as vitórias; as derrotas as conquistas, os acertos, os equívocos. Cada lição, cada momento te enobreceu e te deu suporte para sobreviver às imensas dificuldades dos primeiros tempos no Porto, "desatar" um pouco os laços familiares, te deu asas para viver outros mundos, outras situações, outras histórias. Cada pessoa que passou por ti, diluiu-se e foste diluído nela. Somos tantos na nossa unicidade, somos milhões juntos, e isoladamente, jamais seremos coisa alguma. Conheces profundamente o que é conviver em diversidade e desigualdades, por isso, és a pessoa mais indicada para declarar em alto e bom som, a importancia de um intercambio...

    A música da Mafalda Veiga, Cada Lugar Teu, configura bem a sua narrativa, vejamos alguns fragmentos:
    "...tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
    tento esquecer a mágoa
    guardar só o que é bom de guardar
    [...]
    nesse lugar mais dentro
    onde só chega quem não tem medo de naufragar
    [...]
    Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
    e o mundo nos leve pra longe de nós
    e que um dia o tempo pareça perdido
    e tudo se desfaça num gesto só
    Eu vou guardar cada lugar teu
    ancorado em cada lugar meu
    [...]
    E que um dia o tempo pareça perdido
    E tudo se desfaça num gesto só..."

    O que importa é guardarmos todos os maravilhosos momentos, as aprendizagens, os amores, as amizades, mesmo que o mundo leve tudo isso para longe de nós, como dizes bem no seu texto.

    Beijo!

    ResponderEliminar